Amigos, o futebol não é apenas futebol. É poesia... Cântico de louvor aos deuses. Sim, torcer para um time não é tão-só gritar, pular, vibrar, xingar a mãe do árbitro, protestar contra a incompetência dos atletas na execução das jogadas. Torcer por um clube beira à mais sacrossanta paixão possível de alimentar no peito. Dir-se-ia amor de poeta por sua musa, por quem sofre de amor. O torcedor tem em sua alma pendores à tragédia, pois a forma como ama seu clube tem esta predisposição. Como se cada um de nós, torcedores, escondesse dentro de si um Sófocles, um Eurípedes, um Shakespeare, enfim, e, de repente, dependendo do lance, escrevesse mentalmente um capítulo de sua grande e íntima tragédia. Entretanto, não só de tragédia o torcedor vive... Dedica-se também à tragicomédia, à qual "escreve" com desembaraço, tendo como personagens principais os mesmos utilizados em suas tragédias. Assim, uma partida de futebol pode ser, no mesmo instante, tragédia ou tragicomédia, lançando-o ao céu ao inferno em segundos. O torcedor, portanto, é um ser à parte, figura de pantomima que se alegra, sofre, chora e ri às gargalhadas. É isso que eu espero de mim na temporada que se vai iniciar em março... É isso que eu espero de todos os áureo-cerúleos em 2008... Que sejamos, sim, personagens trágicos! Apaixonadamente tragicômicos. Portanto, o palco vazio de hoje, entregue às lembranças do recente fracasso, logo se povoará de torcedores ululantes, felizes, deixando fluir através dos corações todo amor, toda paixão por seu clube, que este ano faz 100 anos.
Manoel Soares Magalhães.