No jogo contra o Sapucaiense, que promete jogar final de Copa do Mundo contra o Pelotas, sábado às 15h30min, não poderemos contar apenas com a ajuda da sogra do presidente do clube. Ou alguém duvida de sua presença em campo, enfiada meio aos beques, dando botinada até na imagem do Senhor Morto? Nosso atacante matador, Jorge Preá (que não contará com seu companheiro de ataque Flávio Dias, suspenso pelo terceiro cartão amarelo), que anda suspirando pelos cantos como um Romeu apaixonado, experimentando imensa e dolorida saudade de gols, deve contar, evidentemente, com a ajuda da sogra, assim como Michel, na partida contra o Internacional de Santa Maria, 1 x 0 para nós, contou, colocando o Lobão na liderança com um gol que teve a colaboração desta impoluta senhora. Mas não basta tão-só contar com a sorte. E se a sogra, assim como os beques, estiver num bom dia? Os atacantes (Preá e Michel, o Ungido - que entra no lugar de Flávio), driblam um, driblam dois, saçaricacam pra cá, saçaricam pra lá, e chutam a bola na esperança de que ela, caprichosa, conte com a ajuda de um beque distraído e com a colaboração da sogra, que, entre uma tricotada e outra, manda a bola às nuvens. Só assim não. Um time não vive só de acasos. Os atacantes, assim como os demais jogadores distribuídos em campo, têm de prescindir deste tipo de ajuda. Precisam construir jogadas dignas também de um decisivo jogo de Copa do Mundo. Elas têm de serem efetivas, bem organizadas no meio de campo, a fim de que a pelota chegue aos atacantes redondinha, macia e cheirosa, deixando os zagueiros e a sogra a ver navios.
A vitória contra o time de Sapucaia, nosso velho e difícil conhecido, tem de ser construída no detalhe. Não naquele drible a mais; naquela firula desnecessária. Não. Tem de ser estabelecida tendo como base a fria e objetiva eficiência de um verdugo, que não hesita em separar a cabeça da vítima do tronco. Jogar bonito, sim. Mas, antes, jogar eficientemente da zaga ao ataque. Pena que nosso maragato Rudi esteja fora do jogo. Ele, com seu jeito de lenhador bigodudo, dá segurança lá trás e, sobretudo, dita ritmo ao jogo. De quando em quando se atira à frente com ímpeto de espermatozóide, disposto a chegar ao óvulo e erguer a taça da fecundação. Rudi irá fazer falta, claro, mas temos peças de reposição. Marcelo Oliveira não comprometeu contra o Ipiranga de Sarandi. Certamente estará lá trás, atento, bloqueando o ataque inimigo. A questão, senhores, é só uma. Se Axel e Goiano, ambos rodados e experientes, resolverem trabalhar com a eficiência de garçons franceses, servindo os atacantes como manda o figurino, os gols serão construídos sem a ajuda do acaso, ou melhor, da sogra. Quanto ao comandante, cuja competência vem sendo demonstrada até aqui, salvo uma ou outra invenção desastrada, tem por obrigação de fazer um time ofensivo. Desfile de volantes de contenção em carro alegórico, não. Jogamos em casa e precisamos pontuar. Não tem desculpa. O Sapucaiense vem a Pelotas para ganhar. A fumaceira vai ser grande. Perfeita a decisão da diretoria em vender o ingresso mais barato até às 20h de sexta-feira, a R$ 7,00. Precisamos lotar a Boca. A torcida, por sua vez, promete fazer a sua parte como tem feito até aqui, fazendo as arquibancadas tremer como nunca até então tremeram. Ah, se necessário, com a ajuda da sogra, claro.
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Manoel Soares Magalhães.