sexta-feira, 27 de julho de 2007

Um canto de sagração.

Aprendi a gostar de cinema nos cinemas de bairro, os poeiras. Não perdia uma matiné do Cine Esmeralda, no Areal, fizesse sol ou chuva. O filme que me prendia na cadeira era o de bang-bang. A gurizada, de olhos vidrados, vertia saliva na iminência de um duelo entre bandido e mocinho. Durante as perseguições a cavalo, batíamos os pés no chão, levantando poeira até o teto, gritando ao mesmo tempo. O barulho era ensurdecedor. O jogo entre Sapucaiense e Pelotas, quinta-feira à tarde, com vitória do Lobão por 1 a 0, em Sapucaia do Sul, me arremessou a esse tempo fantástico. Que jogo. De bota e espora, tipicamente gaúcho. Desde os primeiros minutos da partida, o Sapucaiense pressionou o Lobão em seu campo, numa verdadeira blitz, deixando a torcida áureo-cerúlea de cabelo em pé. Agnaldo Liz, vendo muito bem o jogo, adiantou o time, equilibrando o “duelo”. O Santo Cássio, quando foi exigido, brilhou duas ou três vezes, realizando mágicas defesas. O jogo foi para o intervalo zero a zero. Em recente crônica, me referi à possibilidade de um gol metafísico, que deixasse o Lobão na frente do placar. O gol aconteceu, feito por Michel, aos três minutos do segundo tempo. Ele estufou a rede do goleiro Eliandro, decretando a abertura do placar. O feio pistoleiro de Sapucaia do Sul desabou de cara na areia, enquanto nós, torcedores, ouvindo rádio, batíamos os pés no chão, gritando gol. O Sapucaiense ensaiou uma reação, mas não logrou êxito porque o áureo-cerúleo esteve determinado no aspecto defensivo, obliterando qualquer tentativa do inimigo ficar vivo no jogo. Assim, a já inconveniente "toca" foi arrancada da cabeça do Lobo, o qual não conseguia vencer o Grêmio Sapucaiense em seus domínios. Portanto, esta vitória de ouro deixa o Lobão na ponta da tabela. Domingo, na Boca, é a vez do Ypiranga de Erechim dançar em nosso salão de honra. É hora de lotarmos a Boca, fazendo o maior “barulho”. Que de nossas gargantas escancaradas mane o maior, o mais fabuloso canto de sagração possível. A hora é agora!
Manoel Soares Magalhães.

A magia do rádio.

Em recente crônica me referi à magia do rádio; em sua capacidade de enternecer-me até a medula. É que fui criado ouvindo galena. Para quem não sabe, galena é um estranho objeto que captava ondas de rádio. Distraia-me ouvindo músicas e noticiários, imaginação a solta. Depois veio o rádio valvulado, grande e potente. Girava o dial em busca de emissoras distantes. Quanto mais longe melhor. Vozes alienígenas invadiam a casa, povoando a escuridão de magia. O sono achegava-se com seu passo medido, cadenciado, raptando-me. Mas o rádio ficava ligado, despejando mistério em cada centímetro do quarto. Os anos se passaram e veio a televisão. Mas a força do rádio não diminuiu, não. Mantém-se forte, alimentando a imaginação de milhões de pessoas, absolutamente fiéis à sua feitiçaria. Quinta-feira que vem, retorno ao rádio para ouvir o jogo entre Sapucaiense e Pelotas. O encantamento esta de volta. Quieto, cheio de expectativa, como o menino de 9, 10 anos, escutarei a partida, imaginando os lances narrados, tentando adivinhar a trajetória da bola no campo maltratado pela chuva. Não raro me pego pensando se não prefiro o rádio à televisão? Não importa a resposta. O que interessa aqui é a mágica... A mágica que só o rádio é capaz de realizar. Portanto, quinta-feira, às 15hs, tem futebol pelas ondas do rádio. Existe instante mais sagrado?
Manoel Soares Magalhães.

A decisão de Cronos.

Através das ondas do rádio veio a notícia de que fora adiado o duelo de OK Corral. O tão aguardado encontro entre Pelotas e Sapucaiense, falado em prosa e verso durante a semana, foi transferido para agosto, em dia ainda não definido. Provavelmente uma quarta-feira. Senti-me como se tivessem me arrancado de um sonho bem nutrido, cheio de curvas e encantamentos. Havia feito planos para ficar quieto, deitado, ouvindo o desenrolar do espetáculo, que prometia ser quente. Cronos, senhor do imponderável, convenceu São Pedro a abrir as torneiras do céu, despejando água sobre Sapucaia do Sul, inundando o campo que se fez mar. O árbitro nadou pelo gramado, olhar avaliador, seguido por um cardume de repórteres, que aguardavam a definição quanto à realização ou não da partida. A decisão veio após consultarem a Federação, que decidiu adiar o duelo de OK Corral. A torcida do Lobão, que foi à Sapucaia incentivar o time, frustrou-se. Mas fazer o quê? O que estava em jogo era a integridade física dos jogadores. Imaginem jogar futebol num campo alagado? Penso que a decisão foi justa. Claro, ficamos frustrados, pois esperávamos que a bola rolasse e que o Lobão trouxesse à Boca mais uma vitória. Adiemos, pois, este embate, e comecemos a pensar no Ypiranga de Erechim... Talvez a mudança tenha sido benéfica... O Sapucaiense tem sido uma pedreira no caminho do Pelotas. Embalados na competição, com pontos na algibeira, será mais confortável enfrentar o feioso pistoleiro de Sapucaia do Sul.

Manoel Soares Magalhães.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

A tragicidade do gandula

Pois é, o gandula é um personagem de inefável tragicidade. É o jogador que não deu certo. Mero coadjuvante numa partida de futebol. Fica ali, na lateral do campo ou atrás da goleira aguardando o instante em que pegará bola e, apressadamente ou não, a fará chegar às mãos do goleiro. Tudo depende de como está o jogo. Se o time da casa estiver ganhando, o gandula é acometido de uma preguiça antediluviana. Fará de tudo para retardar a bola.
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Às vezes chega ao cúmulo de escondê-la do goleiro, que fixa o árbitro com cara de coroinha. Entretanto, se o time da casa, por azar ou incompetência, tiver o placar em desvantagem, ele se multiplica. Ah! Ganha fôlego extra, endereçando ao goleiro não uma, mas dezenas de pelotas. Faz das tripas coração para apressar o jogo, escavando a grama como cavalo no partidor, punhos cerrados, mordendo os lábios. Tal inconstância faz do gandula um personagem trágico, algo shakespeariano.
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Na Boca, este ano e em anos passados, o gandula tem interpretado seu papel com fé de romeiro, perfeitamente afinado com o goleiro Cássio, que o tem como indispensável peça na intrincada engrenagem de uma partida de futebol. Não raro eles se estranham, desentendendo-se quanto ao que fazer com a bola – notadamente quando ela está elétrica, arremessando chispas às alturas. Mas, logo voltam a falar a mesma e esotérica língua, também entendida e falada pelo time inteiro, estabelecendo grande e comovedora comunhão, movidos pelo objetivo comum: a vitória.
Manoel Soares Magalhães.

sábado, 21 de julho de 2007

O gol metafísico

Pois é, existe o gol metafísico. Não riem; existe sim. É aquele gol improvável, que desafia as leis da compreensão lógica, deixando-nos pender a língua como velho e preguiçoso galgo. Nesta fase do octogonal da segundona gaúcha, os times têm de apelar, além da competência dos seus jogadores, às jogadas empíricas, cujo resultado seja os tais gols sobrenaturais que deslumbram pela grandiosa imponderabilidade.
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Penso que o Lobão tem, em seu ataque titular, Jorge Preá e Flávio Dias, plenas condições de brindar aos seus torcedores com gols de bela feitura, deixando-nos extasiados. Não bastasse isso, o áureo-cerúleo conta em seu elenco com jogadores capazes de, num lance isolado, enfiar a bola nas redes. Refiro-me a Alexandro Goiano, em franca evolução, e Axel, cuja experiência e competência em campo são do conhecimento do torcedor. O jogo contra o Sapucaiense, domingo à tarde, às 15hs, será um duelo de velhos e conhecidos pistoleiros (como tem sido os jogos do Pelotas contra a equipe de Sapucaia).
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O torcedor espera o momento com expectativa, pois, em caso de vitória do Lobão, o time dispara na pontuação, deixando poeira na estrada a arder nos olhos dos adversários. Portanto, que venham os gols da pesada artilharia áureo-cerúlea! Se assim não for, que aconteçam os gols metafísicos, contando com a benevolência do vento, da falta de vento, do descuido dos zagueiros. Que possam surgir, também, da colaboração do cocuruto artilheiro, inimigo atroz dos goleiros. Enfim, que a caprichosa bola, com pruridos de prima-dona, esteja à feição do Lobo da Avenida no duelo de OK Corral, que promete ser eletrizante.
Manoel Soares Magalhães.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

De fraque e cartola

Pois é, o meia Alexandro Goiano, na vitória de 4 a 0 sobre o Ipiranga de Sarandi, jogou de fraque e cartola. Foi, indiscutivelmente, sua melhor apresentação pelo Lobão. Não que o resto do time tenha se mostrado mal em campo. Pelo contrário, andou bem entrosado, em mais de um momento fulminante. Mas Goiano foi de encher os olhos de mel. Bom marcador, triblador, ele comandou a primeira vitória do Pelotas na abertura do octogonal. Enfiou a bola na rede duas vezes.
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Poderia ter sido três se o árbitro não tivesse estabelecido o primeiro gol, na cobrança de escanteio, como sendo do goleiro, que se imaginou jogando vôlei, empurrando a bola às redes. Mas tudo bem. Endiabrado, sofreu penalidade máxima, que ele mesmo cobrou com elegância. Depois, no segundo tempo, numa excelente troca de passes no ataque, a bola sobrou para ele na frente do goleiro. Não deixou por menos, não. Guardou-a no fundo das malhas, destino, por assim dizer, de qualquer bola de futebol bem jogada. A torcida foi à loucura na arquibancada.
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Torcida, aliás, que se fez presente na linda tarde de domingo, que despejou maná sobre a Boca. Tudo deu certo. Quem duvida? Eu não duvidaria, pois até zagueiro andou fazendo gol. Rudi, de cabeça, meio aos zagueiros do Ipiranga – ou seriam baratas tontas? Quem ficou em casa, enfiado no pijama, vendo televisão, ou foi adoçar a vida na Fenadoce, perdeu uma excelente partida de futebol. Esta aberto o octogonal. O Lobão, com competência, disciplina tática e valores individuais indiscutíveis, candidata-se, definitivamente, a uma das vagas à Primeira Divisão. Que assim seja!
Manoel Soares Magalhães.

domingo, 15 de julho de 2007

Domingo de fé e paixão

Pois é, errei o prognóstico quanto ao tempo neste domingo. Imaginei-o sombrio, sem a presença do sol. Entretanto, bem cedo, ao abrir a janela, ei-lo luminoso, espargindo ouro na fria manhã de inverno. Que dia para irmos à Boca e torcer pelo Lobão, na partida das 15h contra o Ipiranga de Sarandi! De acordo com Agnaldo Liz, o time esta preparado para a primeira decisão, ainda que não conte com os atacantes titulares, Jorge Preá e Flávio Dias. Se o astro rei resolveu aparecer neste dia, por que nós, os torcedores, não o fariam? Portanto, é tarde para lotar a Boca, empurrando o time para mais uma vitória, pois o “dever” de casa tem de ser feito.
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No octogonal, vitórias domésticas têm importância capital nas pretensões do clube que deseja, ano que vem, data do centenário de nascimento, comemorar na Primeira Divisão do Gauchão. A torcida, seja ela organizada ou não, deve mais que nunca descerrar a garganta e cantar. Cantar como se fossemos consumados cantores de ópera. O time, por seu turno, promete apresentação de gala, prescindindo da cartola e da bengala, evidentemente, mas jamais da vontade de ganhar. Senhores, é domingo de jogo. E, assim sendo, momento de fé e paixão. O Jordão, hoje e sempre, deságua na Boca!
Manoel Soares Magalhães.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Os dias sombrios

Pois é, acho os sombrios dias de inverno comovedores. Inspiram-me atávicas lembranças. Sugerem sopas quentes; fumegantes canecas de chocolate; aconchego de corpos sob edredons. Claro, quando chove, pouco ou muito, apela-se para o guarda-chuva, este objeto de fúnebre aspecto, de remota idade. A capa faz parte do kit antichuva, protegendo-nos dos rigores da intempérie. A julgar pela meteorologia, os torcedores do Lobão, domingo, além dos alimentos quentes e da indispensável bebida etílica, deverão utilizar-se do indefectível guarda-chuva para ir à Boca e assistir ao jogo do Pelotas contra o Ipiranga de Sarandi.
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Guarda-chuvas e capas, ou alguma outra coisa menos provável, servirá de armadura aos torcedores fiéis do Lobo da Bento Gonçalves, empurrando o time para a conquista de outra vitória, ajudando-o no caminho que conduz ao Olimpo da Primeira Divisão. Aliás, disputa com características de tragédia grega, tamanha é a dramaticidade dos jogos. Luta-se pela bola como se fosse muito mais que isso. Querem-na como a “chave” que abre a porta do Panteão, a simbólica e radiosa morada dos deuses. Portanto, é o que os torcedores do áureo-cerúleo esperam dos conquistem na tarde de domingo. Pois, da arquibancada, cânticos de louvor e fé ecoarão Boca, instigando os “guerreiros” à superação dos limites. Não estamos falando de um jogo, apenas. Trata-se, antes, do passo decisivo em direção a redenção. Que assim seja!
Manoel Soares Magalhães.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Firulucum Ativos

Pois é, o ser humano sempre temeu doenças, pestes principalmente. Por exemplo, a pandemia que assolou a Europa, no século XIV, dizimou cerca de 25 milhões de pessoas, por assim dizer um terço da população da época. Causada pela bactéria Yersinia pestis, é transmitida ao homem através das pulgas dos ratos pretos – o Rattus rattus, bem como por outros roedores. Hoje em dia, felizmente, doenças epidêmicas com essa gravidade parecem erradicadas do Planeta. Entretanto, existe uma peste terrível, que ataca principalmente os jogadores de futebol. Chama-se o Mal da Firula, decorrente da bactéria Firulucun Ativos, que não é transmitida ao jogador por nenhuma espécie animal. Este parasito vegetal unicelular é fecundado pelo próprio atleta, encontrando condições para se desenvolver quando pressente avançado estágio de vaidade no organismo do qual é hospedeiro.
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Espero, honestamente, que os jogadores do Esporte Clube Pelotas, nesta fase que se inicia agora, o octogonal decisivo, estejam conscientes da existência desta praga, abdicando das indesejáveis firulas em campo, notadamente os zagueiros, que têm de se conscientizarem de que não podem brincar na pequena e na grande área. Mas, vale dizer, que a preocupação vai além da zaga. A conscientização deve passar pelos alas, meias e atacantes. Enfim, o time inteiro deve se proteger do maldito Firulucun Ativos. E a prova de que realmente não estão contaminados começa domingo, na Boca, contra o Ipiranga de Sarandi. A paixão e a seriedade que move um soldado talibã devem manifestar-se em cada um dos atletas que adentrarem ao campo. Prescindindo da vaidade, claro, pois o Firulucun Ativos esta, sempre, à espreita.
Manoel Soares Magalhães.

O Personagem da Semana


Pois é, meu personagem da semana será o ilustre torcedor, este anônimo personagem que sofre e vibra na arquibancada, aguardando que seu time do coração se supere em campo, fazendo-o atingir o nirvana. Quando isso não acontece, presa de pânica dor, desespera-se como um cristão à mercê de famintos leões no Coliseu romano. O torcedor do Esporte Clube Pelotas viveu até aqui, às vésperas do octogonal de acesso à Primeira Divisão, momentos de sonho e pesadelo, num inequívoco teste para cardíacos.
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Por isso ele merece ser o Personagem da Semana, pois soube, ainda que às vezes em pequeno número, empurrar o time em busca da vitória, arrancando do fundo da garganta sofridos gritos, que irrompiam doídos, fendendo o espaço da Boca do Lobo como se fossem flechas de fogo. Tenho certeza de que, na próxima fase, guerreiros hunos invadirão a boca, vibrantes, gargantas mais que nunca escancaradas, apoiando o Lobão.
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Nenhum time, por mais forte e vibrante que seja, pode prescindir do brado de sua torcida, que vive na arquibancada a grandeza de sua função. No final dos tempos, quando uma multidão de humanos se aproximarem do Criador, Ele saberá identificá-los perfeitamente através dos olhos. Sim; através do olhar de fogo; um fogo subtraído dos vulcões, incendiando seus respectivos corações. Sem dúvida que nos olhos dos áureo-cerúleos identificar-se-á a tocha mais ardida, iluminando-os na derradeira caminhada em direção ao desconhecido.

Manoel Soares Magalhães.

domingo, 8 de julho de 2007

Gasolina, o bárbaro da Boca e o desencanto de Iberê

Pois é, o Esporte Clube Pelotas, contra o 14 de julho, domingo à tarde na Boca, demonstrou, salvo algumas exceções, seu já sabido espírito guerreiro. 4 a 1 ao natural. Rodrigo Gasolina (ou não seria Conan, o Bárbaro?) reprisou seu excelente futebol, fazendo jogadas de estilo, e também, se necessário fosse, endereçava bola à arquibancada. Parece que o time inteiro, salvo ocasionais falhas de jogo, imbuiu-se deste espírito, levando o Lobão ao tão sonhado octogonal, porta de acesso à divisão de elite do futebol gaúcho.
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Gasolina estava tão ligado na partida que, ainda no primeiro tempo, andou se entranhando com Goiano. O que houve, realmente, não sabemos. O que ninguém pode negar é a vontade de Gasolina (ou seria outro combustível a correr em suas veias?) e, obviamente, nas artérias de seus companheiros, de fazer um jogo competente para vencer o limitado 14, que, se realmente foi visitado pelo homem da mala preta durante a semana, frustrou-lhe a expectativa, apresentando à torcida presente à Boca um futebol pobre, absolutamente melancólico.
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Decididamente era à tarde de Gasolina, que fez o seu merecido gol. E de cabeça, com estilo e elegância, correndo em direção à torcida. Abria-se, pois, a porteira para o quarto gol, tranqüilizando de vez os torcedores, que ao longo desta fase que se encerra andaram meio que desconfiados do time. Que venha o octogonal, pois a sorte esta ao nosso lado. Quem duvida? Eu não duvidaria, pois até o atacante Iberê fez seu gol. Acreditem, ele fez... De pênalti, mas fez!

Manoel Soares Magalhães.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A mala preta.

Pois é, na crônica anterior escrevi que o futebol tem as cores e a vibração de uma ópera. E, como todo bom drama lírico, possui protagonistas e antagonistas. Fiquei meditando a respeito e cheguei à conclusão de que, no jogo de domingo, entre Pelotas e 14 de Julho, além dos jogadores e técnicos das respectivas equipes, por assim dizer os “artistas” do espetáculo que decide no campo o destino do Lobão na competição, parece existir, nos bastidores, estranho personagem. Refiro-me ao Homem da Mala Preta que tem a pretensão de, mediante pagamento, injetar ânimo nos atletas do 14, dando-lhes vontade de jogar um futebol que deixaram de jogar ao longo do campeonato. O espetáculo não começou e já estou começando a rir. Por que não? Ou não seria de rir essa triste figura, que se oculta nas sombras do anonimato, a pretexto de “defender” os interesses do seu time, mercadejar por ai livremente? Sabe-se que tal prática é habitual no futebol, aqui ou em qualquer parte do mundo. Entretanto, por ser expediente universal não a deixa menos risível. Vejamos a sena: o sujeito, olhar maquiavélico, aproxima-se do representante do time, cujos jogadores de ordinário deixaram a desejar, instando-o a receber uma grana extra para moverem as pernas com mais ânimo. Ele aceita, claro, olhar não menos velhaco. O pacto esta feito. E a ópera, em razão disso, ganha em dramaticidade. E os jogadores do Lobão, que nada têm a ver com a negociação, sabem que tem de jogar o jogo de suas vidas, não porque o time oponente foi “comprado” para vencê-los, mas sim por que esse é o objetivo de quem veste a camisa azul e ouro. Senhores, vai ser um grande jogo. Apostem nisso. Se apurarmos bem nosso olhar, talvez até vejamos, entre os torcedores do Pelotas, o tenor italiano Luciano Pavarotti na Boca, morrendo de inveja por não poder participar da peleia.

Manoel Soares Magalhães.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Uma grande ópera!

Pois é, fico me perguntando se existe algo mais comovente que o futebol? Parece-me às vezes que uma partida se assemelha - e muito! - a uma ópera. Tem coro, tem solista... Inclusive orquestra - que não ultrapassa a melancólica condição de charanga. Mas quem se importa com isso? Ela ali esta na arquibancada, barulhenta e feérica, servindo de trilha sonora para que gargantas se escancarem e cantem cânticos de louvor e fé, entusiasmando os jogadores da casa, e amedrontando os visitantes, alijando-os de força e vigor. Domingo, contra o 14 de julho, espero ver uma grande ópera em sua melhor performance. Que o coro esteja afinado; que os solistas estejam afinados; que a charanga esteja afinada. Pois juntos, unidos aos jogadores através de uma corrente elétrica, chegaremos ao tão sonhado octogonal, passagem para o eldorado da Primeira Divisão do Futebol Gaúcho! Não, decididamente não existe nada mais comovente que o futebol. Caso haja dúvida, pare um instante e observe as linhas do rosto de um torcedor. Em cada milímetro se aloja emoção, angústia... A mais improvável felicidade, e a mais inesperada frustração. Amor é ódio no olhar. Raiva e consolo se alternando em questão de minutos. Portanto, o torcedor é a prova evidente de que o futebol é sim uma grande ópera barroca. Um espetáculo sui generis que vai além da imaginação mais louca e versátil. Enfim, que Pelotas e 14 de julho de Livramento ofereçam ao público, domingo que vêm, os requintes de uma grande e inesquecível ópera.
Manoel Soares Magalhães.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Vencer ou vencer!

Pois é, ouvir jogo pelo rádio me enche de nostalgia. Vejo-me guri, imaginação a pleno vapor, tentando adivinhar a geografia que a bola traça no campo. Certamente, como diria o poeta do futebol, de lance em lance ela desenha parábolas impossíveis de se conceber, fazendo do futebol uma arte incrível. Mas, em se tratando de um campeonato de segunda divisão, jogadas de estilo, inspiradas, são raras de acontecer. Evidentemente que, num lance isolado, um ou outro jogador diferenciado pode construir uma jogada de artista. Levando-se em conta a narração do jogo entre Aimoré e Pelotas, o atacante do Lobão, Jorge Preá, teve seu instante de cintilação. Momento mágico meio a tanta mediocridade. A voz do narrador encheu de entusiasmo a tarde vazia de domingo, aquecendo-me a alma. Fiquei atento ao comentário, tentando ver em minha tela mental a construção da obra de arte. O gol aconteceu ainda no primeiro tempo desempatando o jogo. 2 a 1 para o Pelotas. Naquele instante o Lobão estava se classificando. Recomeçou o segundo tempo e as oportunidades de aumentar o escore aconteceram. Mas, como quem não faz leva, o Aimoré empatou o jogo. Assim, tudo ficou para ser decidido domingo na Boca, contra o 14 de Julho. Espero ver casa cheia, inclusive gente pendurada no lustre se for possível. A torcida inteira, num grito só, deve empurrar o Lobão para mais uma vitória... Vencer ou vencer é a ordem. Decisão de Copa do Mundo na boca, domingo!
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Foto: Preá comemora com a torcida um dos seus 18 gols no campeonato.
Manoel Soares Magalhães.

domingo, 1 de julho de 2007

Professor Pardal

Pois é, se o treinador do Lobão, Agnaldo Liz, não der uma de professor Pardal, tem tudo para deixar o time bem azeitado para a próxima fase. Ainda não estamos lá, mas acredito que estaremos, salvo um acidente que ninguém espera aconteça, isto é, o Pelotas perder para o Aimoré e, o pior, deixar a peteca cair diante do 14 de Julho, no próximo domingo, na Boca. Portanto, a sorte do Pelotas passa pelo treinador Agnaldo Liz, que andou "inventando"... Ou alguém esqueceu o "jeito" como ele colocou o time em campo contra a Sapucaiense? Pura invenção! Desde que os ingleses inventaram o futebol, sabe-se que "ele" tem suas profundas idiossingrasias, seus mistérios, porém não admite certas invenções motivadas por mero capricho de treinador que, como uma prima-dona egocêntrica, resolve desafiar seus recursos vocais e ir além do que poderia. Desafina, claro. Isso acontecendo, sobrevém o descontentamento da arquibancada, e a inevitável vaia. Assim, espero honestamente que Agnaldo tenha aprendido a lição.

Manoel Soares Magalhães.